Capa
Japa e a lenda dos koinobori é basicamente uma história de amor.
Um garoto brasileiro e uma garota japonesa tiveram um relacionamento que ia muito bem, os dois se gostavam muito, se entendiam e se completavam... até que uma hora eles se separaram aparentemente sem um motivo, e um não soube mais do paradeiro do outro.
Uma história que acontece todos os dias com muitas pessoas.
Essa história ficou esquecida e desconhecida de todos até que uma outra garota junto com seu tio repórter a redescobrem por acaso e tentam entender os motivos e começam a montar o quebra-cabeças, até porque o sucesso deles depende disso.
Leia algumas páginas:
Koi-Nobori
Conta uma antiga
lenda, que uma carpa morava em um belo e tranquilo rio, até que um dia esse rio
conduziu-a para muito perto das águas salgadas e perigosas do oceano. Nesse
momento ela percebeu que só poderia seguir um caminho. Então empreendeu uma
dura viagem contra a correnteza. Primeiro passou por corredeiras ameaçadoras, e
ela teve que mostrar que era mais forte que a água. Depois vieram as grandes
cascatas, que enfrentou dando saltos vigorosos. Pulou também, com muita
habilidade, as pedras pontiagudas que afloravam no rio, sempre lutando muito,
incansável e sem a ajuda de ninguém.
Durante o
trajeto ela ficou conhecida como a carpa lutadora, aquela que nunca desiste, e a
sua jornada como Koi-Nobori, ou seja,
a carpa (koi) em seu caminho, em sua
subida (nobori).
Quem conhece os Koi-Nobori, aquelas carpas de papel
multicolorido, que são hasteados nas festas japonesas, sabe do que eu estou
falando. Eles simbolizam a força, a virtude, a persistência... Há muito tempo
no Japão, eles eram içados pelos pais no “dia dos meninos”, em uma cerimônia
para atrair as qualidades que representam para seus filhos. Hoje os Koi-Nobori também são hasteados pelos
pais de meninas, afinal, elas têm a mesma persistência e tenacidade que eles, e
percebeu-se que era bobagem deixá-las de fora. Por isso esse virou o “dia das
crianças” no Japão. E nesse dia, por toda a parte, os Koi-Nobori tremulam ao vento nadando contra uma correnteza
imaginária.
Bem, mas esta
não é uma história sobre carpas. Eu lembrei dessa lenda quando ouvi as
entrevistas que transcreverei a seguir. Elas falam de um menino que também
tinha uma dura jornada pela frente. Estas entrevistas foram dadas por pessoas
que de alguma forma se relacionaram com esse menino, e como até este momento ainda
não ouvi todos os envolvidos, não sei como
sua história vai terminar ou se vai
terminar... Só sei de uma coisa; assim como uma carpa, esse menino tinha uma
tenacidade invejável. Mas, diferentemente de uma carpa, ele não tinha um rio
para guiá-lo.
Seu nome era
Japa... na verdade esse não era realmente o seu nome e sim Hiroshi Hosokawa.
Japa era como ele não gostava de ser chamado e estes relatos contam a sua
história... ou, pelo menos, parte dela.
Capítulo 1 - conversas
on-line
< Dri, eu já
falei que eu “vou” voltar! Fico só um mês no estúdio do designer pra concorrer
na final e depois mais uns dias pra aproveitar o Japão... vou tentar deixar
minha página na internet atualizada... a gente vai se falando pelo messenger...>
mas se você ganhar a bolsa de estudos, você
vai ficar lá pra sempre... eu sei!
< Você tá
sonhando, Dri? Os outros finalistas são todos de universidades estrangeiras!
Eles estão amparados por elas... Eu sou uma reba de dezesseis anos, do ensino
médio brasileiro! Eu me inscrevi nesse concurso e por sorte fiquei entre os
finalistas, mas eu não tenho a menor chance! >
sorte
nada! a cadeira que você fez ficou genial, Ká!
< Foi sorte.
Eu tô falando... E um pouco de curauá. Você sabe como gringo gosta dessas
coisas exóticas... >
então, tô falando; você vai ganhar essa bolsa!
e você quer ganhar. não vem querer me enganar. além do mais você merece. usar
esse tal de curuá foi lance de gênio...
< Curauá,
curauá! Não tenho chance, Adriana! Quantas vezes tenho que te falar! Sou só uma
finalista. Chegando lá vou ter que desenvolver um projeto em um mês. Em um mês!
E os outros finalistas são quase designers. Eles têm experiência no assunto. Eu
só gosto de design... e tive muita sorte... >
também vou te falar mais uma vez, kaori: eu
acredito em você e acho que você vai ganhar essa bolsa de estudos, e aí não vai
mais voltar do japão, vai virar uma grande designer e eu vou ficar por aqui...
sozinha...
< Ai, Dri!
Deixa de ser dramática. Mesmo que eu ganhe a bolsa, são só três anos... Você já
tava me enganando! Já falei que eu
não tenho chance. Vou ficar um mês e pouco em Yokohama e depois volto. >
o que eu vou fazer enquanto isso...?
< Como assim,
o que você vai fazer? Você tá se preparando pro vestibular. Nós estamos. Em dezembro eu volto,
depois desse concurso, e a gente vai fazer os exames no começo de
janeiro...>
eu não sei estudar sem você...
ai,
Ka... não
fica me xingando em japonês. você sabe que eu não entendo nada...