quarta-feira, 20 de março de 2013

Japa e a lenda dos koinobori

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Japa e a lenda dos koinobori é basicamente uma história de amor. 
Um garoto brasileiro e uma garota japonesa tiveram um relacionamento que ia muito bem, os dois se gostavam muito, se entendiam e se completavam... até que uma hora  eles se separaram aparentemente sem um motivo, e um não soube mais do paradeiro do outro. 
Uma história que acontece todos os dias com muitas pessoas. 
Essa história ficou esquecida e desconhecida de todos até que uma outra garota junto com seu tio repórter a redescobrem por acaso e tentam entender os motivos e começam a montar o quebra-cabeças, até porque o sucesso deles depende disso.


Leia algumas páginas:



Koi-Nobori

Conta uma antiga lenda, que uma carpa morava em um belo e tranquilo rio, até que um dia esse rio conduziu-a para muito perto das águas salgadas e perigosas do oceano. Nesse momento ela percebeu que só poderia seguir um caminho. Então empreendeu uma dura viagem contra a correnteza. Primeiro passou por corredeiras ameaçadoras, e ela teve que mostrar que era mais forte que a água. Depois vieram as grandes cascatas, que enfrentou dando saltos vigorosos. Pulou também, com muita habilidade, as pedras pontiagudas que afloravam no rio, sempre lutando muito, incansável e sem a ajuda de ninguém.
Durante o trajeto ela ficou conhecida como a carpa lutadora, aquela que nunca desiste, e a sua jornada como Koi-Nobori, ou seja, a carpa (koi) em seu caminho, em sua subida (nobori).
Quem conhece os Koi-Nobori, aquelas carpas de papel multicolorido, que são hasteados nas festas japonesas, sabe do que eu estou falando. Eles simbolizam a força, a virtude, a persistência... Há muito tempo no Japão, eles eram içados pelos pais no “dia dos meninos”, em uma cerimônia para atrair as qualidades que representam para seus filhos. Hoje os Koi-Nobori também são hasteados pelos pais de meninas, afinal, elas têm a mesma persistência e tenacidade que eles, e percebeu-se que era bobagem deixá-las de fora. Por isso esse virou o “dia das crianças” no Japão. E nesse dia, por toda a parte, os Koi-Nobori tremulam ao vento nadando contra uma correnteza imaginária.

Bem, mas esta não é uma história sobre carpas. Eu lembrei dessa lenda quando ouvi as entrevistas que transcreverei a seguir. Elas falam de um menino que também tinha uma dura jornada pela frente. Estas entrevistas foram dadas por pessoas que de alguma forma se relacionaram com esse menino, e como até este momento ainda não ouvi todos os envolvidos, não sei como sua história vai terminar ou se vai terminar... Só sei de uma coisa; assim como uma carpa, esse menino tinha uma tenacidade invejável. Mas, diferentemente de uma carpa, ele não tinha um rio para guiá-lo.
Seu nome era Japa... na verdade esse não era realmente o seu nome e sim Hiroshi Hosokawa. Japa era como ele não gostava de ser chamado e estes relatos contam a sua história... ou, pelo menos, parte dela.


Capítulo 1 - conversas on-line

< Dri, eu já falei que eu “vou” voltar! Fico só um mês no estúdio do designer pra concorrer na final e depois mais uns dias pra aproveitar o Japão... vou tentar deixar minha página na internet atualizada... a gente vai se falando pelo messenger...>
mas se você ganhar a bolsa de estudos, você vai ficar lá pra sempre... eu sei!
< Você tá sonhando, Dri? Os outros finalistas são todos de universidades estrangeiras! Eles estão amparados por elas... Eu sou uma reba de dezesseis anos, do ensino médio brasileiro! Eu me inscrevi nesse concurso e por sorte fiquei entre os finalistas, mas eu não tenho a menor chance! >
sorte  nada! a cadeira que você fez ficou genial, Ká!
< Foi sorte. Eu tô falando... E um pouco de curauá. Você sabe como gringo gosta dessas coisas exóticas... >
então, tô falando; você vai ganhar essa bolsa! e você quer ganhar. não vem querer me enganar. além do mais você merece. usar esse tal de curuá foi lance de gênio...
< Curauá, curauá! Não tenho chance, Adriana! Quantas vezes tenho que te falar! Sou só uma finalista. Chegando lá vou ter que desenvolver um projeto em um mês. Em um mês! E os outros finalistas são quase designers. Eles têm experiência no assunto. Eu só gosto de design... e tive muita sorte... >
também vou te falar mais uma vez, kaori: eu acredito em você e acho que você vai ganhar essa bolsa de estudos, e aí não vai mais voltar do japão, vai virar uma grande designer e eu vou ficar por aqui... sozinha...
< Ai, Dri! Deixa de ser dramática. Mesmo que eu ganhe a bolsa, são só três anos... Você já tava me enganando! Já falei que eu não tenho chance. Vou ficar um mês e pouco em Yokohama e depois volto. >
o que eu vou fazer enquanto isso...?
< Como assim, o que você vai fazer? Você tá se preparando pro vestibular. Nós estamos. Em dezembro eu volto, depois desse concurso, e a gente vai fazer os exames no começo de janeiro...>
eu não sei estudar sem você...
< Baka-chan[1]! Yowamushi ne[2]... >
ai, Ka...  não fica me xingando em japonês. você sabe que eu não entendo nada...


[1] baka-chan  = boboca
[2] yowamushi ne = você é uma “banana”; você é uma covarde